O Skate é pra todos?
Por: Marcelo Caldas(perfil Instagram)
O Skate é o segundo esporte mais praticado no pais, segundo levantamento feito pela CBSK, existem 8,5 milhões de skatistas no país (isso antes das Olimpíadas). Mas quem são os skatistas?
Para responder essa pergunta, fiz uma pesquisa nacional há anos atrás com 317 skatistas de 26 estados da federação, acredito que, em se tratando de perfil, não mudou muita coisa… 2023 faremos uma nova pesquisa.
Os números, quem são os skatistas?
Até a década de 90, existia um padrão visual para identificar o skatista: jovem/adolescente, discurso subversivo, roupas extremamente folgadas (XXL eram os padrões) e classe social média/alta (skates e equipamentos eram muito caros). Neste novo século e com a economia em franca expansão este perfil mudou totalmente. Isso foi refletido na pesquisa que irei listar abaixo:
Perfil atual
Como o esporte iniciou-se na década de 70 e avançou globalmente em 80/90, muitos jovens continuaram a prática do esporte, ou retornaram após seu período produtivo (casamento, primeiro emprego, estabilidade, etc.).
Hoje o público é bastante heterogêneo: 38,3% são adolescentes (entre 12 e 20 anos), 37,7% são jovens (entre os 21 e 35) e 23,4% são adultos/seniores (acima dos 35 anos).
Este dado chama bastante atenção por ver que este não é um esporte de crianças, mas para todas as idades. Menos de 1%(0,6) eram de crianças (abaixo dos 12 anos).
O tempo na prática também são bastantes heterogêneos: 17,1% estão iniciando (0 a 2 anos), 26,6% tem entre 3 e 5 anos de prática, 45% tem entre 6 e 25 anos e o dado que mais chama atenção: 4% possuem mais de 35 anos de skate no pé, definitivamente não é um esporte de crianças.
Dados geográficos
Geograficamente falando, os skatistas estão localizados nas capitais (70%), em sua maioria são dos estados do sudeste/sul (60%), São Paulo lidera o número de adeptos com 47,8%.
No Norte/Nordeste a Bahia lidera com 12% e no centro-oeste apenas 2% andam de skate. A grande maioria anda em pistas (70 %), os demais em ruas e ladeiras (praticando modalidades como street e downhill respectivamente).
Cosmovisão do Skatista
A maioria dos praticantes do esporte são adeptos da modalidade street (64,9%) os demais estão distribuí-das entre as pistas de transição (Half Pipes, miniramps, bowls e snakes).
Nesta pesquisa aparece uma nova modalidade: os longboarders e simuladores de surf/skate. É uma grande gama de adeptos sêniors e adultos que estão aderindo a esta modalidade. Em nossa pesquisa não identificamos jovens abaixo dos 25 usando estes simuladores. O skatista valoriza muito a diversão (90%), apenas 10% visam patrocínios e campeonatos.
Um dado que chama atenção: 64,9% dos skatistas admiram os praticantes locais (o brother local ou seu amigo de rolê), enquanto 30% veem o mito como alguém a ser admirado e apenas 6% os atuais campeões (dado a volatilidade e revezamento entre os atletas).
Sobre o que mais incomoda o skatista, 86,6% acham que o preconceito é algo a ser combatido, enquanto os demais acham que a injustiça em um resultado e uma interrupção no “rolê” (sessão de skate) o deixa deveras frustrado.
Andam em grupos (65% fazem parte de algum grupo ou “crew” como eles chamam). 20% são de projetos sociais. Em sua maioria são iniciantes ou amadores (84%), apenas 1% são profissionais, o que mostra que viver do skate é algo extremamente raro e difícil.
Dados sociais
Socialmente falando os skatistas em sua maioria vivem em ambientes familiares (85,5%), ainda que distribuídos entre jovens/adolescentes e adultos (os seniores que já são pais, por exemplo). 16,8% vivem com pais separados, o que reflete a nova sociedade onde os laços matrimonias estão cada vez mais instáveis. 65% são solteiros e apenas 3% são divorciados.
Um dado animador é que 67,4% não fazem uso de drogas lícitas ou ilícitas, 28% assumem o uso e 4,5% preferiram não responder. Daqueles que utilizam drogas, 70% usam bebidas alcoólicas e 30% de drogas ilícitas (90% de maconha, 5% de cocaína e 5% em outras substâncias).
Não encontramos na pesquisa nenhum usuário de crack, possivelmente os atuais usuários desta substância tenham abandonado o skate e não participaram da pesquisa.
Para 45% dos entrevistados usuários de drogas, não possuem o desejo de parar, mas 55% querem parar de usar drogas. Este dado é importante que se desenvolvam projetos de recuperação ou redução de danos a estes usuários. É mister uma atenção neste sentido.
Conclusão
A percepção que a sociedade possui do skatista está deveras equivocada! Os números mostram que há uma maturidade e um discurso de prática saudável. O skate saiu da marginalidade e da cultura subversiva e adentrou as casas tradicionais, alcançou as famílias e a sociedade. O Skate não determina regras, eles simplesmente é! Seja o lifestyle, seja o atleta, o importante é andar de skate!
Autor: Marcelo Caldas tem 48 anos, é skatista Overall há 34 anos, é presidente da Christian Skaters Brasil e Idealizador do Projeto Skate & Vida, projeto social que alcança dezenas de crianças e jovens em estado de vulnerabilidade em várias unidades na Bahia. Autor dos livros “Evangelho Radical” e “Skate Social”. Casado com Jane e Pai de Marcelo Jr., Matheus e Lucas.
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