Cesar Calejon – Skatistas Famosos, mas não por andar de skate
por: Marcelo Sanzoni(perfil Instagram)
Trocamos uma ideia com Cesar Calejon(perfil Instagram), jornalista, colunista e escritor, com muito destaque na área política e que hoje participa do ICL no YouTube, mas o que poucos sabem é que ele é skatista! Bora para o papo.
Salve Cesar, poderia fazer uma breve apresentação sua quanto profissional?
Meu nome é Cesar Calejon, eu sou jornalista com especialização em Relações Internacionais pela FGV e mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP. Também sou escritor e tenho três livros publicados até o momento.
Quando foi seu primeiro contato com o skate e como foi?
Quando eu ainda era criança, na década de 1980. Mas comecei a andar mesmo quando o meu grande amigo Henrique Banana, que foi profissional de vertical na década de 1990 e hoje é juiz da CBSK, me deu um board de presente, no meio da década de 1990.
Ainda hoje, como você concilia o skate com sua rotina diária?
A minha rotina é bem flexível, porque eu trabalho escrevendo, fazendo entrevistas etc. então não tenho um horário fixo de escritório, por exemplo. Atualmente, eu ando de skate uma ou duas vezes por semana. Geralmente, na pista de São Bernardo do Campo. Ano passado eu quebrei o braço andando, cai de forma besta dando um roll in na pista do Manifesto, no Ipiranga, e fiquei alguns meses de molho. De vez em quando, eu pego o skate e dou uns flips na garagem do prédio mesmo, só para suar e relaxar um pouco.
Ser skatista de alguma forma influenciou seu lado profissional? Te ajuda ou atrapalha?
Sim, influenciou e ajuda muito. Ser skatista afeta absolutamente tudo o que eu faço. O skate é uma forma de arte maravilhosa e ímpar que te ensina uma série de coisas relacionadas à coragem, resiliência, persistência e humildade. Além disso, e eu sei que isso é um clichê, o skate salvou a minha vida durante vários momentos difíceis, quando eu tive que lidar com traições, perdas e dores de todos os tipos. O skate também me colocou em contato com a realidade mais crua do Brasil, porque você vai andar em vários picos, tipo na pista do Jardim Pantanal, nas quebradas ali da antiga Espraiada etc. e entra em contato com aspectos da vida sociopolítica do país que são fundamentais para enxergar o contexto da nação de forma mais integral.
Hoje a política se tornou uma pauta que também invadiu o meio do skate, como você enxerga o relacionamento da política com o skate ao longo da história e do atual momento que vivemos?
Honestamente, com a ascensão do bolsonarismo em 2018 eu fiquei muito surpreso com a quantidade de skatistas que declararam apoio a esse governo de caráter nazifascista no Brasil. Skate sempre foi, para mim pelo menos, uma arte relacionada à contracultura e, talvez por isso, eu tinha uma visão um pouco romântica que a nossa comunidade era a favor das lutas populares e da emancipação popular. Depois do governo Bolsonaro, quando tantos skatistas se afirmaram categoricamente ao lado de um governo como esse, as coisas mudaram bastante nesse sentido. O skate também cresceu demais nos últimos anos e ganhou a mídias hegemônicas de comunicação, então hoje acredito que existem skatistas de todos os tipos e formações ideológicas.
Com a atual mudança de poderes, você acha que existe a possibilidade de haver uma mudança tanto no espectro profissional quanto no espectro do skate for fun?
Não. Acho que a comunidade do skate ganhou uma proporção que não pode ser alterada por esse ou aquele governo. Tanto os pros quanto a galera que só anda para se divertir deverão continuar fazendo o que fazem, independemente de quem esteja no poder. Não vejo grandes mudanças nesse sentido.
Teria alguma mensagem para passar aos skatistas em geral sobre consciência política?
Existem dois tipos de política, a social e a institucional. A social é a que você pratica junto à sociedade, a partir do momento que interage com outras pessoas, seja virtual ou fisicamente. Você para na faixa para as pessoas atravessarem a rua? Sonega imposta? Xaveca a mulher do seu vizinho? Essa é a política social. A política institucional é a praticada no parlamento, pelos políticos que são eleitos por meio do voto popular. Existe uma relação muito intrínseca entre ambas. O brasileiro médio gosta de dizer que “políticos são corruptos” e que não gosta de política, por exemplo. Contudo, a política institucional é reflexo da política social, entende? Para mudar, precisamos prestar atenção nas nossas próprias atitudes, porque é fácil culpar os políticos e seguir fazendo tudo errado. No mais, não existe caminho fora da política. É absolutamente fundamental entender as dinâmicas que orientam o funcionamento da nossa República, os valores da economia política que determinam o nosso modelo de sociabilidade e como a Brasil está inserido na sociedade internacional por meio da geopolítica global. Sem isso, você fica refém do que lhe dizem. É preciso ler e se instruir minimamente nesse sentido.
Para finalizar, para você, o que é ser um skatista?
Ser skatista, para mim, é tudo. Eu sempre fui e sempre serei skatista. É ir dormir pensando em skate, sonhar com a linha que você vai fazer no dia seguinte, com a trick nova, e acordar querendo pisar no board. É a forma de arte mais pura e intensa que o ser humano pode experimentar.
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Gostaria de indicar algum skatista que é famoso, mas não por andar de skate, dá um salve nos comentários ou no inbox.
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Cesar Calejon – Skatistas Famosos, mas não por andar de skate